À noite, nós tínhamos sempre algo para fazer. Se englobarmos todas as noites, podemos dizer que houve dois tipos de noites. As noites em que tínhamos um jogo nocturno que não eram do nosso conhecimento e as noites em que acontecia uma coisa já programada.
Os jogos nocturnos, de que vou falar hoje, aconteciam assim. Reuníamo-nos todos no campo de jogos com o Zé e o Henrique (os chefes dos monitores) e os monitores. O Zé e o Henrique explicavam o jogo e lá íamos para o mato com o grupo de actividades. Houve muito jogos como por exemplo: o jogo das fitas, o jogo dos números, o zoom, o jogo dos traficantes e a volta ao mundo.
· O jogo das fitas foi um dos jogos que mais me divertiu. Primeiro, porque “os traquinas”, o meu grupo de actividades, ganhou e, segundo, porque era um jogo muito fixe. Cada grupo de actividades é uma equipa. Cada equipa tem uma fita a fazer de pulseira com uma cor diferente das equipas adversárias. Cada equipa tinha um cofre com fitas da sua cor para o caso de as perderem. A fita era como se fosse uma vida para nós. Se a perdêssemos tínhamos que ir buscar mais ao cofre. Nós andávamos pela estrada e pelo mato sozinhos sem monitor. O meu grupo, com a fita branca, tinha que apanhar os que tinham fita azul e os vermelhos tinham que nos apanhar. Ganhava quem no final tivesse mais fitas recolhidas e menos fitas perdidas.
· O jogo dos números foi um jogo que foi feito de dia mas como é quase igual ao jogo das fitas, por isso ele está aqui. O jogo dos números em vez de fitas tinha números. Cada jogador tinha um número diferente dos números dos colegas. A escala ia de 1 a 8. Quem tinha o número oito podia caçar todos abaixo de oito e assim sucessivamente. A excepção era o 1: ele caçava os oito. Ganhava quem no final tivesse mais pontos da soma de todos os números recolhidos.
· O zoom foi um jogo que eu, como quase todos, achei aborrecido. Era assim: íamos para a estrada do eucaliptal tirar fotografias a sítios marcados pelos monitores. E, no final, as fotos eram mostradas no centro de férias.
· O jogo dos traficantes foi um jogo muito, muito fixe. Havia três equipas e cada equipa era composta por dois grupos de actividades: os polícias, que era a minha equipa, os traficantes e os drogados. Os drogados tinham que negociar os seus produtos com os traficantes e a polícia tinha que os revistar quando os apanhasse. Os polícias só os podiam apanhar num espaço mínimo, por isso, era muito difícil conseguir apanhar os traficantes e os drogados. Ganhava a equipa que conseguisse ter mais produtos na sua posse.
· A volta ao mundo foi um jogo extraordinário. Cada grupo de actividades estava por sua conta e cada monitor era representante de um país diferente e era ele que nos dava o visto para o país seguinte. No início era entregue a cada grupo de actividades o passaporte com o mapa do eucaliptal com os países marcados. Tínhamos que passar por cada um deles para ganharmos o visto para o país seguinte. Ganhava quem tivesse mais vistos no passaporte.
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